CARTA ABERTA PARA A MENTORA LILIAN VAZ

1

7 de fevereiro de 2014 por Lucas Rafael Chianello

Querida Lilian;

Escrevo-te esta carta porque você é fundamental, mentora raiz deste que te escreve. E dentre tudo o que você me ensinou, o maior legado é, sem dúvidas, uma aproximação que tive com a Revolução Cubana que nenhuma outra pessoa me proporcionou.

Sinceramente, como diz um companheiro de luta nosso lá de Poços de Caldas, o Mateus, com quem muito lutei em terras de águas sulfurosas, muitas vezes deixamos de discutir as questões sobre aquilo que elas são para discuti-las do ponto de vista positivista. Portanto, não vou hoje convencer os leitores, por meio desta carta, de que é legal o financiamento das obras do Porto de Mariel, em Cuba.

Se somos, Querida Lilian, socialistas latino americanos, meu exemplo de internacionalismo proletário não se reduz a “Os operários não tem pátria, não se pode lhes tirar aquilo que não tem”, conforme Marx e Engels no Manifesto do Partido Comunista. Parece-me que “A pátria é a humanidade”, por José Martí, já diz tudo.

Somos, querida Lilian, irmãos latino americanos. Somos filhos da exploração colonial ibérica e das ditaduras militares financiadas pelos ianques no século XX. Somos filhos do saque, da pilhagem e da privação de usufruir nossa própria riqueza. Buscamos em comum nossa mais do que definitiva independência.

A roda da história, Querida Lilian, precisa rodar. E fazer girar a roda da história na América Latina, nos tempos de hoje, é acabar de vez com um bloqueio econômico, motivado por rixa política, que não faz mais qualquer sentido. E isso, Querida Lilian, não é somente a América Latina quem diz. Ano a ano é votado na ONU o fim do bloqueio sobre Cuba. Somente mantem-se irredutíveis os próprios EUA, Israel e mais um país que eventualmente se alinhe com eles. Fora isso, o MUNDO já atestou que o tal bloqueio é algo já anacrônico.

É muito bonito, Querida Lilian, realçar todos os exemplos que a Revolução Cubana pode nos oferecer, apesar dos detratores de sempre que insistem no discurso infundado da ditadura sanguinária. Porém, um povo não sobrevive somente de discursos ideológicos. Somos socialistas não porque defendemos que todos façam voto de pobreza para que a sociedade se nivele por baixo, mas sim para que tudo o que produzimos seja acessível a todos.

A luta de Cuba é legítima, acima de tudo, por isso. Essa ilha que tanto desperta em nós o sentimento de igualdade e justiça quer apenas se relacionar com o mundo como qualquer outro país se relaciona, sem sofrer restrições. Por isso, Querida Lilian, por mais que movimentos sociais e partidos políticos se solidarizem ideologicamente com Cuba, o maior solidário a ela, hoje, em nosso país, é o governo brasileiro presidido por Lula e Dilma, pois ajudar na reforma e ampliação do Porto de Mariel é contribuir para que Cuba esteja preparada para receber novos produtos acessíveis a sua população igualitária.

Por fim, Querida Lilian, eu não poderia deixar esse pitaco para trás. Sabe aquela ideia de que Fernando Henrique Cardoso foi, um dia, intelectual de esquerda? Esquece. A maior teoria formulada por ele, que na época da USP era conhecido como Pavão, ficou intitulada como “teoria da dependência”. Só haveria desenvolvimento e economia controlada no país se fôssemos parceiros de países de primeiro mundo. Tanto que dias atrás um artigo dele publicado n´O Globo era claro: o Brasil deveria estreitar relações com os EUA.

A partir do momento em que o Brasil ajuda Cuba a sair do isolamento político na qualidade de membro participante da Celac (Comunidade dos Estados Latino Americano e Caribenhos), inclusive com direito a reunião de cúpula em Havana, bem como a partir do momento em que financia a reforma e ampliação de um porto que será de suma importância para que os efeitos de décadas do bloqueio econômico sejam minimizados, o Brasil de Lula e Dilma mostra que podemos sim desenvolver a nossa economia e ajudar aos países que buscam seu desenvolvimento sem ter de nos curvar às grandes potências com o pires na mão.

Portanto, despeço-me, Querida Lilian, afirmando que a ajuda brasileira para a reforma e ampliação do Porto de Mariel não é somente uma vitória de Brasil e Cuba. É uma vitória sem precedentes de toda a América Latina.

Nas palavras de Pastor Maldonado, ¡Pátria, socialismo o muerte! ¡No vamos vencer, estamos venciendo!

Besos rebeldes de tu hijo de corazón!

Dilma Rousseff e Raúl Castro inauguram a primeira fase da reforma e ampliação do Porto de Mariel.

Dilma Rousseff e Raúl Castro inauguram a primeira fase da reforma e ampliação do Porto de Mariel.

Um pensamento sobre “CARTA ABERTA PARA A MENTORA LILIAN VAZ

  1. Lilian Vaz disse:

    Lucas, pô menino, fico até mal de tanto orgulho que tenho de você, porque o mérito é só seu, mas eu fico me achando….

Deixe um comentário