APÓS A BANDEIRADA: OS TRAPALHÕES
Deixe um comentário1 de agosto de 2022 por Lucas Rafael Chianello
Max Verstappen tinha 63 pontos, duas vitórias e meia de diferença sobre Charles Leclerc.
Diante dos vários erros da Ferrari ao longo da temporada, a Fórmula 1 desembarcou na Hungria com clima de início da confirmação de seu título.
Entretanto, na classificação, um surpreendente George Russell anota a pole seguido dos carros da Ferrari; Verstappen, apenas em 10º.
Mais uma chance para se descontar pontos e mudar os rumos da sorte.
Russell largou de macios e teria de parar antes.
Os pilotos da Ferrari não o deixaram escapar, trocaram de posição após a primeira parada nos boxes e com a utilização da asa móvel, Leclerc faz uma bela ultrapassagem para assumir a liderança.
Entretanto, precisaria ir aos boxes mais uma vez, pois só tinha utilizado os pneus médios.
Nisso, um detalhe: via de regra, as corridas na Hungria acontecem sob intenso calor, o que demanda a utilização de compostos mais resistentes.
O calor intenso da sexta-feira deu lugar à chuva que caiu no sábado, a ponto do fato mais inusitado do final de semana: Nicolas Latifi, da rastejante Williams que não se encontra mesmo após a compra por um fundo de investimentos, anotou o tempo mais rápido do terceiro treino livre.
Já na corrida, no início da transmissão televisiva via-se um Hungaroring nublado, de modo que não fazia qualquer sentido a estratégia básica de largar com médios para terminar com os duros, como geralmente se tem feito.
Russell, o pole, e Verstappen, largaram de macios e depois utilizaram compostos médios.
O virtual campeão venceu porque a estratégia da equipe foi apostar num intenso ritmo de corrida com um tipo de pneu com maior aderência a um asfalto com temperatura mais baixa que nos treinos livres.
Lewis Hamilton foi para uma estratégia de dois jogos de pneus médios e alucinantes voltas finais de macios, o que lhe rendeu terminar a frente do companheiro de equipe, o pole, e o ponto extra da volta mais rápida, depois dele, Hamilton, ter largado apenas em sétimo.
E a Ferrari?
Ah, a Ferrari…
Leclerc, na liderança, é chamado para a segunda parada: pneus duros até o final da prova e para vencer, aguardaria Verstappen parar novamente.
É facilmente ultrapassado por Verstappen, que na mesma volta roda na entrada dos boxes e perde a posição.
Verstappen, afortunadamente, retoma a aceleração com o carro nem tão mau posicionado assim depois de rodar e novamente passa fácil por Leclerc.
Mais uma vez a Ferrari erra na estratégia e deixa a vitória escorrer pelos próprios dedos.
Com poucos metros após a troca, Leclerc, incrédulo com o ritmo dos pneus duros, já esbravejava pelo rádio.
Entretanto, a cena marcante do erro da estratégia viria na antessala do pódio: Hamilton, como quem já esqueceu tudo o que se passou na decisão de Abu Dhabi, pergunta, aos risos, a Verstappen e Russell:
“Eles estavam de duros?”
Ato contínuo, é respondido, também aos risos:
“Sim.”
Em mais uma grande oportunidade para descontar pontos, Leclerc terminou em sexto depois de uma terceira parada para terminar com pneus macios enquanto o ideal para voltar à disputa era que o final fosse o inverso depois dele largar em terceiro e Verstappen em décimo.
Numa época em que inúmeros sensores eletrônicos produzem dados em tempo real sobre o desempenho do carro, bastava aos estrategistas da Ferrari usarem os próprios olhos para se notar que o nublado domingo húngaro não admitia a utilização de pneus duros, que não colariam no asfalto nem com reza braba dos patriarcas do catolicismo oriental de Budapeste.
Incrível como uma equipe do tamanho da Ferrari, com a história que tem, erra por teimosia e por falta de leitura sobre conceitos básicos de corrida.
Menção Honrosa
No final de semana em que Sebastian Vettel anunciou sua aposentadoria, marcou lá seu pontinho com a Aston Martin ao terminar em décimo, a frente do companheiro de equipe, Lance Stroll.
Não bastasse a bomba de sua aposentadoria, a outra veio agora pela manhã: seu substituto será Fernando Alonso, de malas prontas da Alpine.
Com muitos lugares a serem definidos, a saída de Vettel inaugura a dança das cadeiras.
Menção Desonrosa
Daniel Ricciardo até que ultrapassou Alonso e Esteban Ocon de uma só vez.
Um brilhareco para quem terminou em 15º e não consegue ajudar a equipe na luta dos construtores contra a Alpine.
Cada vez mais irreconhecível.