GOLPEACHMENT – II
Deixe um comentário19 de maio de 2016 por Lucas Rafael Chianello
Antecipação de juízo
Um julgamento serve para apurar e, se for o caso, sancionar o acusado com alguma pena.
Aquele que desconfia que outrem cometeu crime, denuncia, para que um terceiro, desinteressado, profira um juízo sobre o assunto.
Por sua vez, julgamento de exceção é aquele no qual o acusado não possui o direito de defesa ou apenas cumpre o rito para de qualquer maneira ser condenado.
Nesta situação, o rito torna-se apenas algo pró-forma para que o acusado seja tratado como gado em direção ao abatedouro.
Diversos são os julgamentos históricos proferidos não por juízo de fato e de direito em relação a um suposto crime, mas sim para que o julgamento seja um instrumento de invalidação, de interdição pública do sujeito julgado.
Na votação da admissibilidade do impeachment na Câmara dos Deputados, tivemos um show de histeria neo-pentecostal em nome do curral eleitoral, do deboche nazista na exaltação de torturadores, da família e da esposa.
Mas no Whats App o coração continuava da amante.
Fugiu-se do tema do impeachment: o crime de responsabilidade.
Participaram da elaboração da petição do impeachment Helio Bicudo, ex-petista que fez campanha para José Serra em 2010, a advogada Janaina Paschoal e o jurista Miguel Reale Júnior, filho do fascista/integralista Miguel Reale e ex-ministro da Justiça de Fernando Henrique Cardoso.
Desde as eleições de 1994 que a disputa pela presidência da república se polariza entre o PT (Partido dos Trabalhadores) e o PSDB (Partido da Social Democracia Brasileira).
O PSDB, atualmente tetra-vice, nitidamente não aceita a quarta derrota consecutiva.
Miguel Reale Júnior, ex-ministro da Justiça de FHC, é tucano.
Antonio Augusto Junho Anastasia, que deu parecer não pela abertura do processo de impeachment, mas pela condenação de Dilma Rousseff, também é tucano.
O Anastasia que se pronuncia pelo cometimento de crime de responsabilidade é o mesmo que cometeu pedaladas fiscais durante seu mandato de governador de Minas Gerais.
Dilma Rousseff foi afastada por uma sessão de histeria neo-pentecostal que fugiu ao tema acompanhada de um parecer tucano notoriamente suspeito.
O impeachment de Dilma Rousseff é julgamento de exceção.